BRESSER/BELÉM – Moradores estão sem destino

Moradores do Belém, Brás e proximidades da Bresser esperam por uma proposta do novo governo municipal para resolver a questão das famílias que estão vivendo próximas ao Viaduto Bresser e Rua Pires do Rio, baixos do Viaduto Alcântara Machado e várias praças e ruas dessas regiões. A tentativa mais recente de conseguir transferir os sem-teto para albergues e casas populares ocorreu no dia 13 de novembro de 2016. Apesar da ex-Subprefeitura Mooca ter a aprovação da Central de Mandados, a ação não se concretizou após intervenções do padre Julio Lancellotti e de grupos de moradores de rua organizados.

MAIS BARRACOS

Na Bresser, o número de barracos só aumenta e aqueles que eram de ripas cobertas por plástico, agora são todos de madeira e a cobertura é de telha. Os moradores de rua se arriscam constantemente, inclusive com crianças, atravessando a Avenida Radial Leste. Nas outras regiões as pessoas ligadas a movimentos de moradia tomaram prédios e instituições particulares. Além disso, muitos, sem ter para onde ir, se acomodaram em barracos no entorno. Em ações anteriores da Prefeitura, os sem-teto que estavam no centro da cidade começaram a migrar para os bairros da Mooca, Tatuapé e Carrão e não voltaram mais.

Está praticamente impossível caminhar pela passarela de pedestres na lateral do viaduto

Está praticamente impossível caminhar pela passarela de pedestres na lateral do viaduto

PREOCUPAÇÃO

Atualmente, está praticamente impossível caminhar pela passarela de pedestres do Viaduto Bresser, que tem início na Radial. Isso porque a lateral do espaço foi tomada por barracos e agora quem quiser chegar às ruas do Brás à pé terá de se arriscar nas pistas de carros. Junto à Radial, a preocupação é contínua para estudantes e pacientes de hospitais próximos. Eles reclamam principalmente das abordagens feitas por usuários de drogas e da demora para se resolver a questão. Já se passaram três meses, após a última aparição da Prefeitura nesses locais, porém nada mudou.

HISTÓRICO

Dados da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (Smads) revelam que o acompanhamento das famílias é feito por meio de abordagens, assembleias, cadastros e encaminhamentos. Segundo o órgão, nos últimos dois anos 259 famílias foram beneficiadas com o auxilio aluguel, enquanto outras pessoas foram encaminhadas para Centros de Acolhida da região.

Na região da Bresser e Belém foi criado o Centro de Referência Especializado de Assistência Social para População em Situação de Rua (Centro Pop) com Núcleo de Convivência na Rua Cajuru 362/374. O espaço oferta refeições, além de serviços como a lavagem de roupa, banho, atendimento social individual e em grupo, atividades socioeducativas e encaminhamentos para rede socioassistencial.

CENSO

De acordo com o censo de população de rua divulgado pela Prefeitura, com base em dados da Fipe, 15.905 pessoas vivem nesta situação, sendo que 8.570 são atendidas pelos serviços de acolhimento. A última pesquisa envolvendo este grupo, realizada em 2011, apontava para a existência de 14.478 pessoas pelas ruas da cidade. A maioria dos moradores de rua é formada por homens. São 13.046 do sexo masculino e 2.326 do sexo feminino.

O OUTRO LADO

A assessoria da Secretaria Municipal de Serviços relatou que ainda está reunindo informações a respeito da questão relacionada aos moradores de rua. Segundo a pasta, logo serão apresentadas as propostas de atendimento.

Fonte: Gazeta Virtual

Crescimento da população de rua preocupa moradores do Belém

A subprefeitura da Mooca, da qual o distrito faz parte, é a segunda com maior número de moradores de rua, atrás da Sé. O viaduto Guadalajara, parte da Radial Leste e a Rua Cajuru estão tomados por barracas, colchões e pessoas que não têm para onde ir.

Crescimento da população de rua preocupa moradores do Belém (Crédito: Joyce Ribeiro/CBN)

Crescimento da população de rua preocupa moradores do Belém

Crédito: Joyce Ribeiro/CBN

A prefeitura oferece uma tenda, um centro de acolhida e também um de convivência na região, ainda assim não é suficiente para atender a demanda. O presidente da Sociedade Amigos do Belém, Giovanni Dicicco, conta que a entidade deixou de fazer reuniões na sede por causa da presença dos moradores de rua.

Devido à proximidade com o centro de São Paulo, os moradores acreditam que a população da Cracolândia migrou para a região. O padre Júlio Lancelloti, da Pastoral de Rua e morador do Belém, está preocupado com a política higienista que está florescendo no distrito. Segundo ele, os equipamentos da prefeitura não dão conta.

Segundo um estudo do Conseg do Belém, mais de 300 pessoas em situação de rua estão espalhadas pelo distrito, sendo que 75% delas apresentam problemas como dependência de álcool e drogas. O presidente do Conseg, Norberto Mensório, afirma que alertou a prefeitura sobre os problemas que a instalação de centros de acolhida traria para o distrito.

Cortiços também estão ocupando vias importantes como a avenida Celso Garcia. Hélio Aparecido de Souza é do Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto e realiza um trabalho com a população de rua. Ele destaca a falta de políticas públicas em geral para pessoas carentes.

O distrito abriga também a favela Nelson Cruz, na região do Parque Estadual do Belém. No total, 600 famílias foram cadastradas para serem beneficiadas em programas de habitação popular, mas há anos o projeto não sai do papel e as pessoas moram em condições precárias.

Belém não tem hospital municipal – o mais próximo é o do Tatuapé – e tem apenas uma Unidade Básica de Saúde. Os moradores reclamam que esta unidade não dá conta de atender o todo.

A população também tem reclamado da zeladoria no Belém: pontos viciados de lixo, alagamentos e a falta de poda de árvores.

Por e-mail, o ouvinte Rodrigo Martins chamou a atenção para o sentimento de abandono pelas inúmeras fábricas e galpões antigos fechados, caindo aos pedaços, à espera de compradores. Ele destacou ainda a Vila Maria Zélia, de 1916, uma vila de operários tombada pelo Patrimônio Histórico. Rodrigo ressaltou que algumas casas foram revitalizadas pelos próprios moradores, enquanto outros transformaram por completo o local, sem contar os edifícios completamente abandonados.

Belém é um distrito da Zona Leste de São Paulo. Tem seis quilômetros quadrados de área e mais de 36 mil habitantes. Ocupa a posição de número 26 no IDH entre os 96 da cidade e é considerado um dos distritos mais seguros da capital. A região era inicialmente de chácaras até a chegada das indústrias. O Belém abriga a Vila Maria Zélia, a primeira vila de operários do Brasil, que oferecia moradia digna aos trabalhadores.

  • Ouça as entrevistas aqui:

    Crescimento da população de rua preocupa moradores do Belém

    DURAÇÃO: 4:02

  • População da favela Nelson Cruz está esquecida

    DURAÇÃO: 4:32

  • Belém tem apenas uma UBS

    DURAÇÃO: 3:10

    Fonte: Rádio CBN

SEM-TETO DOMINAM ÁREA – Belém sofre sem atendimento

SEM-TETO DOMINAM ÁREA – Belém sofre sem atendimento

DESCONFORTO

O problema, conforme quem reside no entorno, está no fato de muitos homens desrespeitarem pedestres, habitantes e visitantes. O desconforto ocorre quando os moradores de rua se sentem no direito de ocupar todas as calçadas com objetos pessoais, além de cobertores, malas, utensílios domésticos e até carrinhos de compra. A questão é tão delicada que, prevendo as dificuldades, Giovanni Di Cicco, presidente da Sociedade Amigos do Belém, visitou a redação desta Gazeta, no primeiro semestre do ano passado, para alertar sobre o que poderia acontecer.

PROGNÓSTICO

Um ano depois, o prognóstico se confirmou e o incômodo vem aumentando. A reportagem pôde constatar a realidade atual em entrevista concedida por Norberto Mensório, presidente do Conseg (Conselho Comunitário de Segurança) do Belém. Segundo ele, nem a negociação com Luciana Temer, secretária municipal de Assistência e Desenvolvimento Social; e Zé Américo, secretário municipal de Relações Governamentais, adiantou.

Segundo moradores, na Rua Cajuru estão usuários de drogas, doentes mentais e sem-teto juntos

Segundo moradores, na Rua Cajuru estão usuários de drogas, doentes mentais e sem-teto juntos

REUNIÃO

Mensório, Di Cicco e o vereador Toninho Paiva, estiveram no gabinete da secretária e avisaram sobre os transtornos futuros que a instituição iria criar no bairro. Na oportunidade, ainda propuseram a ela ocupar um terreno quatro vezes maior, na Rua Ulisses Cruz, esquina com Avenida Salim Farah Maluf, por apenas R$ 10 mil a mais que o da Rua Cajuru. O local também tinha vagas de estacionamento e espaço para os moradores de rua guardarem suas carroças e deixarem seus bichos de estimação.

SEM MUDANÇA

“Como Luciana havia sido irredutível sobre a possível mudança de endereço do albergue, fomos até Américo, que intermediou um questionamento direto ao prefeito Fernando Haddad. No entanto, obtivemos a resposta de que a Sociedade Amigos e o Conseg não deveriam interferir nas decisões da cidade. Portanto, nada iria mudar, pois estava tudo certo”, contou o presidente do Conseg.

ILEGALIDADE

Mensório foi categórico ao afirmar que todo o processo de busca de imóvel e contrato, feito pela Prefeitura, foi nebuloso. Primeiro ele frisou não ter existido uma consulta pública, quando para esse tipo de serviço é preciso buscar a opinião das pessoas. Depois, a Secretaria relatou que estaria preparada para oferecer o suporte aos vizinhos. Contudo, passaram a servir café, almoço e jantar e, a partir de determinado horário, simplesmente encaminhavam os atendidos para a rua de novo.

MAIS PROBLEMAS

“Ou seja, não tiraram os moradores da Rua Cajuru, muito menos os do Viaduto Bresser, e ainda criaram outro problema em frente a sede da Sociedade Amigos do Belém, na Rua Herval, 91. Como não existem abrigos suficientes, os sem-teto foram em grande número para a fachada da SAB e depois invadiram o prédio, inclusive roubando parte do patrimônio. Ao mesmo tempo, se instalaram no lugar colocando móveis, televisão, sofá e outros objetos”, indignou-se Mensório.

INTERVENÇÃO

Além de todo o mal-estar criado com a situação, quando o presidente do Conseg pediu a presença da Subprefeitura Mooca na Rua Herval, houve a intervenção do padre Júlio Lancelotti e do ex-secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Eduardo Suplicy, para que os moradores de rua não saíssem do espaço. Com isso, os integrantes da entidade voltaram a procurar o subprefeito da Mooca, Evando Reis. Porém, ele revelou não poder fazer nada. Na última sexta-feira, dia 2, tanto o padre, quanto o subprefeito, voltaram ao local para nova negociação.

GRUPOS

Voltando à Rua Cajuru, o presidente do Conseg esclareceu que os grupos existentes no endereço estão constituídos da seguinte forma: 25% de usuários de drogas, 25% de alcoólatras, 25% com enfermidades mentais ou deficientes e 25% de fragilizados por viverem na rua. “Enquanto isso, a população é obrigada a se esconder em suas casas, com medo do tráfico, dos furtos e dos pedintes”, finalizou.

Fonte: Gazeta Virtual

Centro de assistência social gera problemas e queixas no Belenzinho

Blog Blitz Rádio Estadão

Marcel Naves

08 Agosto 2016 | 15h22

POP-Mooca

Moradores de rua interditam a calçada  no bairro do  Belenzinho, em frente ao POP Mooca.

Na rua Cajuru, no bairro do Belenzinho, na zona leste, uma iniciativa que deveria representar uma importante ajuda em uma grave questão social virou um problema. No local a existência do POP Mooca, centro especializado de assistência social para a população de rua, tem motivado diversas reclamações. As calçadas estão tomadas por barracas e o lixo (restos de comida, garrafas e até madeira utilizada em fogueiras), está por toda a parte.

O consumo bem como a venda de drogas acontece a qualquer hora do dia ou da noite. O registro de brigas em virtude do excesso no consumo de bebidas alcoólicas é constante. A abordagem dos moradores de rua a quem passa pelo local ou frequenta os bares e restaurantes também tem provocado enorme desconforto.

A moradora Gislaine Zorzin Gerin reside há cerca de 5 anos no Belenzinho e afirma que a situação ficou insuportável de um ano pra cá. Segundo ela, transitar pelas calçadas fica praticamente impossível. “A gente quase não consegue andar de tanta barraca montada que existe e de tanto lixo. E também a gente fica com muito medo, pois geralmente eles estão drogados”, diz.

Um comerciante que não quis se identificar por temer represálias diz que a falta de segurança é critica. Para ele, o problema está nos criminosos que frequentam a rua e acabam se misturando aos desabrigados. “A todo momento temos o registro de assaltos  e muitas brigas. Ontem, o regate veio buscar um rapaz que foi esfaqueado por causa de drogas”, diz.

Em nota, a Prefeitura de São Paulo ressaltou que o POP Mooca atende a população em situação de rua oferecendo alimentação e apoio assistencial. A administração afirma que a limpeza é feita regularmente e que possíveis irregularidades serão corrigidas oportunamente.

A Polícia Militar não se manifestou a respeito das denúncias sobre roubos e consumo de drogas.

Confira abaixo a íntegra da nota encaminhada pela PMSP:

“Assistência Social

 A Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) informa que o centro POP da Mooca funciona desde novembro de 2015. Esses espaços ofertam serviços especializados e continuados a famílias e indivíduos nas diversas situações de violação de direitos na perspectiva de potencializar e fortalecer sua função protetiva. Alimentação e atendimento socioassistencial são alguns dos atendimentos oferecidos. Cabe ressaltar, no entanto, que todos os serviços ofertados pela SMADS são de aceitação facultativa.

Decreto 57.069

De acordo com o Decreto Municipal 57.069, os agentes ambientais não estão autorizados a remover instrumentos de trabalho, como carroças, material de reciclagem, ferramentas e demais materiais. Já os moradores possuem a garantia de manter itens portáteis de sobrevivência, inclusive papelões, colchões, colchonetes, cobertores, mantas, travesseiros, lençóis e até barracas desmontáveis.

Zeladoria

A Autoridade Municipal de Limpeza Urbana (Amlurb) informa que a varrição no local é feita diariamente pela manhã. A empresa responsável pela instalação e manutenção de papeleiras fará um levantamento das necessidades de reposição, caso tenha ocorrido vandalismo no local”.

Ouça aqui a reportagem:

Fonte: Blog Blitz Rádio Estadão